27 de fevereiro de 2012

Discurso em xadrex


Foto: Flickr.com/gustavocarpi

...Nitidamente ele não possuía a opinião que todos deveriam ouvir, porém, na ponta de sua língua lhe saia uma verdade massacrada, uma violência anônima, e assim por diante.   Mesmo sabendo que deveria ouvir toda aquela verdade, o seus ouvidos se guardavam em um involucro de timidez, e nem se quer se pronunciavam. Os dedos artríticos do personagem central corriam em sua máquina de escrever, deveria está tudo registrado, a pressa do relógio o sacudia por dentro, a organização das frases e o ritmo dos dígitos alinhados ao excessivo mal-humorado fato de se estar preso a uma rotina de sentenciar destinos, o havia deixado sem palavras, de ouvidos mirrados.  O comum predestinado de seus olhos sobre a folha datilografada o deixara em um complexo de amnésia permanente, e sem fluxo de riso em seu rosto, sua mascara era notória. O senso comum o fazia suar a camisa xadrez, e de tom pálido suas mãos enfraqueciam de forma visceral todo seu entusiasmo. Haveria algum salvamento satisfatório? E ao mesmo tempo esse chamamento o conduzia ao que era de aparência verdadeira. O que se datilografava não expressava, e nem se quer justificava os machucados nas pontas dos dedos de quem contava as folhas de papel canson envelhecido apergaminhado pela saliva sem aderência, o comum era seu tempo. O personagem central não conseguia conduzir o enredo, e as pautas não esclarecia a conduta infame que outrora não machucavam os dedos, isto é, nada respaldava nada, infelizmente.  Aqueles que observavam de longe, e ao mesmo tempo sacudiam suas orelhas para ouvir, encaixavam fatos sem cola, sem concreto, e já sabemos que casa construída na areia, não fica em pé, dito popular bíblico eficaz. O corpo massacrado pelo povo tem mais uma vez seu discurso rasgado e suas memórias rabiscadas com caneta estourada pela covardia de não enfrentar, de não colocar a cara pra bater, de não receber um cuspi na face, e nem oferecer ela como sacrifício. A esses o meu grito é por justiça a favor do datilografo que dizia a verdade, e repudio contra os ouvidos felinos que tramam conspirações irrevogáveis. Grito por um futuro audacioso com promessa de fartura e pão para o inocente. Afogo em vinho a viúva sem acolhimento, quem sabe ela, a embriagada, não se recordará dos seus sonhos fracassados, quem sabe ela não venha corrigir sua própria história esquecida, quem sabe ela adormeça pra sempre, em seu canto lúdico abrasador não nos preencha o vazio que preguinha nossa mente abstrata. Não podemos fugir do personagem central de camisa xadrez sem vida, amarrotada pela consciência, juiz que agora é réu. A anotação não envergonha ao que disse na mesa, e o gesticular de braços não apazigua os temperamentos. Um dia poderemos notar uma libertação de mente, de conduta. Certamente recolheremos as correntes, juntamente com os cadeados, talvez essa seja a verdade que esperamos ouvir, quem sabe eu me liberte de vez. 

25 de fevereiro de 2012

"Acho que foi muito assim", talvez devesse agradecer, talvez não. Cansei-me de arquiteturas já faz mais de algum tempo, e ainda que goste de observar os livros dos arquitetos, seus olhos já não me cativam mais.


por: Dan Novachi

Acabado...



O que acabou torna-se ponto final, uma fatia visceral, um capítulo findado - Em estado de luto a nossa vontade esperneia, não há balbucios, o absolutamente se torna rei, o que proferia amor eterno, hoje se veste de opróbrio. 
Entre o coração partido e o desprendimento do afeto.

17 de fevereiro de 2012

Infinito Teu...



Quando couber tudo na alma, dá pra sentir o infinito teu.
Quando tudo perdido está, reconstruo do nada usando apenas a imaginação, as cenas brotam, o ressentimento desaparece.
E desligo de apto o meu desleixo amedrontado, e aos poucos a satisfação de andar de bicicleta me encoraja, sustentando-me em risadas e falta de fôlego. O que descubro é uma repentina falta de não saber o que fazer depois da despedida, coisas de gente inocente demais...
Nas diretrizes de um futuro incerto, calço-me de uma atrevida e anestesiada coleta de pontos, de asteriscos, fazendo com que o meu sentido fique apurado novamente.  A respiração ofegante que sinto nada mais é que a falta que você me faz, entre minha distância acovardada pela insensatez indomada de não poder calcular a tua ausência. Porém a vida, a grandiosa, sempre deixa um rastro de sorrisos na nossa vivência sofrida, daí a gente pode ter conclusões que nada acontece por acaso, e já sabemos que o ocaso é apenas uma pausa na partitura.

16 de fevereiro de 2012

O que sou...


Por que digeristes o arrepio da minha pergunta? E ao invés de compartilhar a resposta, há sufocaste?


Não seria eu o deu delírio, o amante da madrugada, o silêncio em teu quarto envelhecido?


Saberias quem eu sou, se prestastes a atenção nas gotas da chuva, nas rachaduras nas mobilhas potreadas pela saliva incontrolável de tua vontade.
No colicitante balbuciar de ligeiras e corriqueiras asas de afirmações sem aquele tom de liberdade, pusesse em jogo a minha adrenalina e afogaste em balde a minha imaginação, meus sonhos mais utópicos.
Como lhe disse em tempo oportuno, Deixei te ir sem medo que retornastes com um furor alterado, pus as aspas no lugar certo, corrijo a insegurança e calibro a temperança vã. 
 

14 de fevereiro de 2012

Esperar...


Insistir em seguir as reticências por um momento pode ser esclarecedor e dar ênfase a espera.
Já que sou letra, aproximo-me das avenidas que circulam tem teus pensamentos, lá a espera sempre foi maior.

10 de fevereiro de 2012

na ponta da linha

....Sigo as linhas do ocaso.
De vez enquanto eu chego à outra ponta.
Só não sei muito que dizer, repousa minhas pálpebras.
Linhas impetuosas, falantes ao exagerado, não prometo conduta plena,
Apenas o que minha alma almeja.

2 de fevereiro de 2012

Heloísa Rosa

Victor & Leo - Vida Boa

Dizeres...



É um motivo único carbonizado pelo instante impreciso, era o que eu contemplava ser. Seja bem vindo o motivo pelo qual eu almejo crescer, era o que dizia meu entusiasmo ofegante. Bendito o que nasce em mim com raízes corajosas, era o que gritava minha visão atenta, meu âmago. 






Foto: Flickr.com